O
que é o tempo – duração ou movimento?
Há muito que os filósofos
tentam lidar com a experiência do tempo. Henry Bergson, por exemplo, tornou-se
famoso por definir a duração como um elemento essencial do tempo. Devido a
algumas características da cultura moderna, criou- se a ilusão do instante, de
que ele seria o congelamento de uma etapa do movimento. Sendo assim, o tempo seria o movimento para
frente e os movimentos que congelamos não seriam tempo, mas uma imagem irreal
(como uma fotografia que capta um momento de luz, mas não é realidade do fato).
Então, quando você congela um instante você não pode referir-se mais a ele como
tempo, mas como uma multiplicidade de fenômenos que aconteceram durante o
tempo. O tempo não passaria de um
movimento.
Outro filósofo francês
discordou das ideias de Bergson e afirmou que o tempo é exatamente o instante
que passou. Que não se pode falar do tempo como uma durabilidade, mas como uma
série finita de instantes que daria à luz a uma descontinuidade essencial no
tempo.
Sem intenção de dar solução
para o debate, eu diria que a partir de uma cosmovisão cristã nenhuma das duas
teorias é totalmente verdadeira. Por um lado, existe duração. O tempo, além de
ser um instante, é a presença do passado e a antecipação do futuro na nossa
experiência presente. É por isso que o passado é tão importante na cosmovisão
cristã. Por outro lado, a ideia do instante faz sentido. Ele não é só a
continuação do que estava vindo, mas é algo novo que acontece agora. Só assim
temos a possibilidade cristã do milagre. Por exemplo, para que Jesus seja o
verbo encarnado ele não pode ser reduzido ao que estava acontecendo antes do
processo histórico, ou seja, ele não faz parte de um movimento intrínseco ao
processo histórico. Jesus é o novo que não pode ser explicado a partir do que
vinha antes. Numa cosmovisão cristã existe novidade, e para haver novidade o
instante tem que ser importante.
Sem intenção de solucionar o
problema filosófico, eu diria que tanto duração como instante são essenciais
para o cristão. (Mencionarei isso mais adiante.) O fato é que a intuição do
futuro na imaginação e a lembrança do passado na memória estão concentradas no
presente. É no presente que lembramos o passado e é no presente que imaginamos
o futuro. De qualquer forma, o agora é essencial, pois só temos consciência de
quem somos nele. Você pode pensar a respeito do que fez e imaginar o que vai
fazer, mas o contato direto com você mesmo é neste exato momento. Um filósofo
se referiu a isso como o eterno agora.
Continua...
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