De
6 a 9 de setembro deste ano, estive no encontro Preparando para a volta de Cristo em Feira de Santana. Minhas
expectativas eram moderadas, mas confesso que fui maravilhosamente surpreendida
com tudo o que aconteceu ali. A palavra, em especial, foi proclamada com muita
unção e revelação, o que naturalmente faz com que todo nosso ser seja
impactado, cortado com a espada de dois gumes. Quero compartilhar, de forma bem
resumida, o efeito em meu coração de todo aquele maravilhoso ambiente.
A
palavra é gerada primeiramente em Deus e depois nos corações dos homens. Oramos,
pedimos, clamamos para que ela fosse liberada e nos atingisse, que nos
trouxesse direção, fé, esperança. Foi o primeiro passo do que estava por vir. O
assunto inicial foi perseverança. Deus tem pressa, mas de um modo diferente do
nosso. A pressa dele tem descanso e paz, seu objetivo não é correr contra o
tempo, mas construir algo sólido e bem feito. Deus não está preocupado em gerar
mais um movimento ou onda na igreja que melhore, por um tempo, nossa situação.
O que ele está fazendo é uma reforma, a última como preparação para a vinda de
Jesus. Por isso, ele persevera e quer nos ensinar a perseverar.
Será
que os jogos de videogame podem nos ensinar alguma lição espiritual? Harold Walker provou que sim. Primeiramente, para que a personagem se
fortaleça e ganhe o jogo, ela precisa receber ´vidas´ durante o próprio
jogo. Não basta apenas atacar, tem que
ganhar ´vidas´, pois a guerra exige mais que armamentos, exige logística e
estratégias. De modo semelhante, nós precisamos de vida para derrotar nossos
inimigos e o meio disso acontecer é através da oração, tanto individual como
coletiva. É na oração que recebemos a vida de Cristo que nos anima e revigora
para que perseveremos até o fim do jogo.
Em
segundo lugar, um jogo de videogame é, geralmente, composto de várias fases de
vários níveis – desde as mais simples até as mais difíceis. A cada nova fase
que se inicia, enfrentam-se inimigos mais fortes que, em contrapartida,
adicionam mais aventura e emoção ao jogo. Em sua história, a igreja também vem
passando por diferentes fases, e ela, mais uma vez, está para ser introduzida
numa nova fase, e bem mais avançada. A entrada na terra prometida exigiu o
combate a fortes gigantes, mas sobravam poder de Deus, ousadia, intrepidez e
aventura. Afinal, o povo já fora aperfeiçoado lá atrás ao vencer fases
anteriores.
Nosso
chamado hoje é ir além e isso significa, acima de tudo, ter fome e sede por Deus.
Para ir além é preciso desejar conhecê-lo mais e buscá-lo com inteireza de
coração. Bem-aventurados os que têm fome
e sede de justiça, porque eles serão saciados e bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus (Mateus,
5.6-8). Em outras palavras, antes de se sentir saciado é preciso passar
pela sensação desagradável de fome e sede. É preciso ter nosso coração
quebrantado, moldado e purificado pelo Espírito Santo.
Lembremos
que a sede da igreja está nos céus, e é de lá que ele libera orientação e
estratégias para irmos além. A prática da oração e a consolidação de uma
liderança plural e fraca são dois fortes exemplos de estratégias que contribuem
para a comunicação entre céus e terra.
De
forma resumida, essa foi a introdução do encontro, ou seja, o pão do recheio do
sanduíche que degustamos em seguida. Christopher Walker nos levou a contemplar
o funcionamento da Trindade, não com um olhar teológico, mas com a intenção de
se abrirem os olhos do coração para seu infinito potencial de amor de doação,
de entrega, perfeição e santidade. Refletimos sobre João 14 e a nossa morada nele,
aquela que ele mesmo disse que iria nos preparar (v.1) Os versículos eram lidos
e a sensação era de primeira vez. Mitos e ideias pré-concebidas eram quebrados
- quem disse que morada significa
mansões suntuosas e isoladas no céu? Jesus
veio do Pai e volta para o Pai e iria nos levar para ele por meio da pessoa do
Espírito Santo. A união perfeita da Trindade é o nosso modelo.
Essa
união pode ser descrita como uma dança, a dança da pericorese. É uma dança em que um entra no outro e tem prazer no
outro, sem que, em momento algum, percam sua identidade. E o convite espetacular,
glorioso e tresloucado de Deus é para que entremos nessa dança, hoje e por toda
a eternidade. É uma dança sempre crescente, envolvente e que como uma espiral
vai englobando tudo e todos, até mesmo toda a criação, restaurando todas as
coisas ao seu propósito original. É a junção das partes para formar o todo. É o
ajuste do foco periférico para o foco central: o ninho de amor entre o Pai, o
Filho e o Espírito Santo.
Continua...
Alline Barboza, com auxílio de Elenir Eller Cordeiro.
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