domingo, 16 de setembro de 2012

Pericorese – A dança de amor da Trindade



De 6 a 9 de setembro deste ano, estive no encontro Preparando para a volta de Cristo em Feira de Santana. Minhas expectativas eram moderadas, mas confesso que fui maravilhosamente surpreendida com tudo o que aconteceu ali. A palavra, em especial, foi proclamada com muita unção e revelação, o que naturalmente faz com que todo nosso ser seja impactado, cortado com a espada de dois gumes. Quero compartilhar, de forma bem resumida, o efeito em meu coração de todo aquele maravilhoso ambiente.
A palavra é gerada primeiramente em Deus e depois nos corações dos homens. Oramos, pedimos, clamamos para que ela fosse liberada e nos atingisse, que nos trouxesse direção, fé, esperança. Foi o primeiro passo do que estava por vir. O assunto inicial foi perseverança. Deus tem pressa, mas de um modo diferente do nosso. A pressa dele tem descanso e paz, seu objetivo não é correr contra o tempo, mas construir algo sólido e bem feito. Deus não está preocupado em gerar mais um movimento ou onda na igreja que melhore, por um tempo, nossa situação. O que ele está fazendo é uma reforma, a última como preparação para a vinda de Jesus. Por isso, ele persevera e quer nos ensinar a perseverar.
Será que os jogos de videogame podem nos ensinar alguma lição espiritual?  Harold Walker provou que sim.  Primeiramente, para que a personagem se fortaleça e ganhe o jogo, ela precisa receber ´vidas´ durante o próprio jogo.  Não basta apenas atacar, tem que ganhar ´vidas´, pois a guerra exige mais que armamentos, exige logística e estratégias. De modo semelhante, nós precisamos de vida para derrotar nossos inimigos e o meio disso acontecer é através da oração, tanto individual como coletiva. É na oração que recebemos a vida de Cristo que nos anima e revigora para que perseveremos até o fim do jogo.
Em segundo lugar, um jogo de videogame é, geralmente, composto de várias fases de vários níveis – desde as mais simples até as mais difíceis. A cada nova fase que se inicia, enfrentam-se inimigos mais fortes que, em contrapartida, adicionam mais aventura e emoção ao jogo. Em sua história, a igreja também vem passando por diferentes fases, e ela, mais uma vez, está para ser introduzida numa nova fase, e bem mais avançada. A entrada na terra prometida exigiu o combate a fortes gigantes, mas sobravam poder de Deus, ousadia, intrepidez e aventura. Afinal, o povo já fora aperfeiçoado lá atrás ao vencer fases anteriores.
Nosso chamado hoje é ir além e isso significa, acima de tudo, ter fome e sede por Deus. Para ir além é preciso desejar conhecê-lo mais e buscá-lo com inteireza de coração. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados e bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus (Mateus, 5.6-8). Em outras palavras, antes de se sentir saciado é preciso passar pela sensação desagradável de fome e sede. É preciso ter nosso coração quebrantado, moldado e purificado pelo Espírito Santo.
Lembremos que a sede da igreja está nos céus, e é de lá que ele libera orientação e estratégias para irmos além. A prática da oração e a consolidação de uma liderança plural e fraca são dois fortes exemplos de estratégias que contribuem para a comunicação entre céus e terra.
De forma resumida, essa foi a introdução do encontro, ou seja, o pão do recheio do sanduíche que degustamos em seguida. Christopher Walker nos levou a contemplar o funcionamento da Trindade, não com um olhar teológico, mas com a intenção de se abrirem os olhos do coração para seu infinito potencial de amor de doação, de entrega, perfeição e santidade. Refletimos sobre João 14 e a nossa morada nele, aquela que ele mesmo disse que iria nos preparar (v.1) Os versículos eram lidos e a sensação era de primeira vez. Mitos e ideias pré-concebidas eram quebrados - quem disse que morada significa mansões suntuosas e isoladas no céu?  Jesus veio do Pai e volta para o Pai e iria nos levar para ele por meio da pessoa do Espírito Santo. A união perfeita da Trindade é o nosso modelo.
Essa união pode ser descrita como uma dança, a dança da pericorese. É uma dança em que um entra no outro e tem prazer no outro, sem que, em momento algum, percam sua identidade. E o convite espetacular, glorioso e tresloucado de Deus é para que entremos nessa dança, hoje e por toda a eternidade. É uma dança sempre crescente, envolvente e que como uma espiral vai englobando tudo e todos, até mesmo toda a criação, restaurando todas as coisas ao seu propósito original. É a junção das partes para formar o todo. É o ajuste do foco periférico para o foco central: o ninho de amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 
Continua... 
Alline Barboza, com auxílio de Elenir Eller Cordeiro.

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