quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pericorese – A dança de amor da Trindade (parte 2)



                Depois de ouvir sobre a pericorese, desejei muito entrar nessa dança, ser totalmente envolvida pela Trindade. Paradoxalmente veio também um sentimento de impotência ao olhar para minha condição humana. No mesmo dia fui ministrada quando ouvi sobre o trono divino – a peça fundamental do Universo – que é tão lindo, maravilhoso, pois ali está o Deus todo poderoso, conforme pudemos verificar lendo vários textos bíblicos. Foi fundamental perceber que quando olho para esse trono minha visão é ampliada e eu não fico focada em mim mesma, nos meus problemas e mazelas. A glória é tão grande que ofusca tudo ao redor. Isaias, Ezequiel e Daniel são exemplos de homens que viram com nitidez o majestoso trono divino e ficaram tão impactados que se prostraram e reconheceram que não eram dignos, mas Deus com sua infinita misericórdia permitiu que eles permanecessem ali em sua presença. Tudo se diz respeito ao que Ele é, e não ao que somos. Isso me trouxe paz.
            Então continuamos a falar sobre a dança da pericorese, mas agora focando no amor Ágape X amor Eros. Basicamente, o Ágape é o amor divino que promove a união, se doa sempre não calculando ter retorno, ao contrário do Eros que busca sempre a autossatisfação, é individualista e quer possuir e controlar, promovendo a divisão. Nossos relacionamentos hoje  estão muito mais marcados pelo amor Eros, mas ao contemplar Jesus  podemos ter esperança de sermos transformados, pois nos tornamos a imagem daquilo para o qual olhamos. Se despir do velho homem é um processo contínuo. Jesus homem nos ensinou sobre o verdadeiro amor se esvaziando de si mesmo (apesar de ser santo), enquanto Satanás ensinou o caminho da exaltação de si mesmo que conduz à morte e a separação de Deus.
            Ninguém pode tirar o “si” (de si mesmo) de outra pessoa, apenas ela mesma, se inclinando para o esvaziar-se. Portanto, o caminho para a glória é descer, tomar a condição de servos e seguir os passos do Mestre.
            Esse esvaziar-se não está ausente de sofrimento, pois a dor permanece por causa da contaminação do pecado. Assim, acredito que a palavra liberada sobre a questão do sofrimento veio consolidar tudo o que já havia sido falado. Jesus falou muitas vezes sobre perder para ganhar, morrer para viver e Ele mesmo aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu, porque nunca antes Ele teve vontade de não fazer a vontade de Deus. Esse conflito, no momento presente, faz parte da dança da pericorese.  Essa doação ainda nos causa sofrimento, mas é através dela que somos aperfeiçoados.
            Existem dois tipos de sofrimento: aquele por estar fora da vontade de Deus e aquele por estar dentro da vontade de Deus. O segundo vem por meio de perseguições, tribulações, pressões que enfrentamos pela causa divina e há também a angústia gerada pelo próprio espírito em favor dos propósitos de Deus. O fato é que se fizermos a vontade de Deus, vamos sofrer, mas se perseverarmos confiando em Deus, também seremos vencedores. Não precisamos buscar o sofrimento, mas quando ele vier podemos aproveitar a oportunidade para abraça-lo e aprender algo. 
            Enfim, o objetivo maior das muitas coisas que passamos e nos fazem sofrer é nos ensinar sobre a dança da Trindade, livrando-nos do Eros e aperfeiçoando-nos no amor Ágape. Temos a chance de internalizar essa verdade ou deixar o sofrimento causar em nós apenas sentimentos de amargura, murmuração e desânimo.
Inclinar-se para essa palavra é uma atitude individual, mas não há como permanecer e avançar sem o ambiente coletivo, ou seja, através de alianças com pessoas que Deus coloca em nossas vidas. Como a profecia em Ezequiel 37, cada osso tem que se juntar ao seu osso para o corpo se formar. A comunhão também nos aperfeiçoa, tais como as pedras que desfazem suas ‘pontas’ a partir do contato e atrito entre elas. 
Acredito que nesse encontro tudo girou em torno da dança que Deus quer que aprendamos. A palavra misturada a oração e a comunhão com preciosos irmãos ocasionaram vislumbres maravilhosos da presença divina, o que contribuiu muito para o renovar da nossa mente, pelo menos da minha. Voltei para casa com o propósito de continuar contemplando tudo que vi e ouvi e ir dançando a cada dia no tom que Ele tocar.


           

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