
Então continuamos a falar sobre a
dança da pericorese, mas agora focando no amor Ágape X amor Eros. Basicamente,
o Ágape é o amor divino que promove a união, se doa sempre não calculando ter
retorno, ao contrário do Eros que busca sempre a autossatisfação, é
individualista e quer possuir e controlar, promovendo a divisão. Nossos
relacionamentos hoje estão muito mais
marcados pelo amor Eros, mas ao contemplar Jesus podemos ter esperança de sermos transformados,
pois nos tornamos a imagem daquilo para o qual olhamos. Se despir do velho
homem é um processo contínuo. Jesus homem nos ensinou sobre o verdadeiro amor
se esvaziando de si mesmo (apesar de ser santo), enquanto Satanás ensinou o
caminho da exaltação de si mesmo que conduz à morte e a separação de Deus.
Ninguém pode tirar o “si” (de si
mesmo) de outra pessoa, apenas ela mesma, se inclinando para o esvaziar-se.
Portanto, o caminho para a glória é descer, tomar a condição de servos e seguir
os passos do Mestre.
Esse esvaziar-se não está ausente de
sofrimento, pois a dor permanece por causa da contaminação do pecado. Assim,
acredito que a palavra liberada sobre a questão do sofrimento veio consolidar
tudo o que já havia sido falado. Jesus falou muitas vezes sobre perder para
ganhar, morrer para viver e Ele mesmo aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu, porque nunca antes Ele teve vontade de não fazer a vontade de Deus.
Esse conflito, no momento presente, faz parte da dança da pericorese. Essa doação ainda nos causa sofrimento, mas é
através dela que somos aperfeiçoados.
Existem dois tipos de sofrimento:
aquele por estar fora da vontade de Deus e aquele por estar dentro da vontade
de Deus. O segundo vem por meio de perseguições, tribulações, pressões que
enfrentamos pela causa divina e há também a angústia gerada pelo próprio
espírito em favor dos propósitos de Deus. O fato é que se fizermos a vontade de
Deus, vamos sofrer, mas se perseverarmos confiando em Deus, também seremos
vencedores. Não precisamos buscar o sofrimento, mas quando ele vier podemos
aproveitar a oportunidade para abraça-lo e aprender algo.
Enfim, o objetivo maior das muitas
coisas que passamos e nos fazem sofrer é nos ensinar sobre a dança da Trindade,
livrando-nos do Eros e aperfeiçoando-nos no amor Ágape. Temos a chance de
internalizar essa verdade ou deixar o sofrimento causar em nós apenas
sentimentos de amargura, murmuração e desânimo.
Inclinar-se para essa palavra é
uma atitude individual, mas não há como permanecer e avançar sem o ambiente
coletivo, ou seja, através de alianças com pessoas que Deus coloca em nossas
vidas. Como a profecia em Ezequiel 37, cada osso tem que se juntar ao seu osso
para o corpo se formar. A comunhão também nos aperfeiçoa, tais como as pedras
que desfazem suas ‘pontas’ a partir do contato e atrito entre elas.
Acredito que nesse encontro tudo
girou em torno da dança que Deus quer que aprendamos. A palavra misturada a
oração e a comunhão com preciosos irmãos ocasionaram vislumbres maravilhosos da
presença divina, o que contribuiu muito para o renovar da nossa mente, pelo
menos da minha. Voltei para casa com o propósito de continuar contemplando tudo
que vi e ouvi e ir dançando a cada dia no tom que Ele tocar.
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