Elenir Eller Cordeiro
Este ano tive duas experiências
maravilhosas, mesmo que dolorosas, que já delinearam, em parte, meu ano de
2012. Denominei-as de ´terra inóspita´ e ´o sacramento do momento presente´.
Nomes estranhos, não? Mas eles têm sido incorporados em meu vocabulário e o
resultado delas me tem feito mais livre, mais espontânea, mais autêntica, e
mais segura para, se necessário for, errar sem medo. Têm me feito cantar um
cântico novo em terra estranha!
TERRA INÓSPITA
Aprendi esse termo e vivi essa
experiência lendo o livro de Eugene
Peterson, Memórias de um pastor. Um livro divisor de águas em 2012!

Eugene Peterson percebeu que ele
parecia atravessar com muita frequência esse período de terra inóspita ou
exaurida. Identifiquei-me imediatamente com as reações descritas por ele
durante esta fase de seca espiritual, onde nada parece fazer sentido:
´... e como
eles (os períodos de terra inóspita) pareciam intermináveis. Não haveria algo
que pudéssemos fazer?´ - ele, acompanhado de sua esposa, indagou a um famoso
escritor e conferencista sobre vida espiritual - ´Ele nos advertiu do perigo de atalhos. Incentivou-nos a nos submetermos ao tédio, ao fogo purificador do não desempenho, e
disse que não devíamos ter pressa.´ (grifos
meus)
E quantas vezes, enquanto passava
por meus períodos de terra inóspita, também não fora tentada a pegar atalhos, a fugir do tédio e do fogo purificador
do não desempenho?
Peterson me ensinou durante
aqueles dias de retiro espiritual no meio da vegetação seca da caatinga do
recôncavo baiano que ´há muita coisa acontecendo mesmo quando você acha que não
há nada acontecendo´. Que deveria
continuar guardando meu ´schabat´ (o
conferencista lhes ensinou isso baseado no livro O Schabat de Abraham Joshua
Heschel). Schabat significa descanso e na prática é tirar um dia ou algumas
horas toda semana para estar em silêncio, meditação e oração. Schabat também é,
todos os dias, praticar o caminho de Emaús, o silêncio de Emaús, onde, a
qualquer momento, Jesus, que sempre esteve ao nosso lado, abre os nossos olhos
espirituais e se revela a nós, fazendo arder nosso coração. Ele vem para nos
ensinar e ficar conosco por alguns momentos de forma mais palpável. Vem e parte o pão e desaparece, mas sem nos deixar
desamparados, pois prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos
séculos. No caminho do silêncio de Emaús é onde aprendo sobre o evangelho do
coração ardente.
continua...
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