MATEUS 15 – JESUS SABIA COMO FAZER REUNIÕES GRANDES E PEQUENAS
(Eta assunto que nos embaraça!)
Eis um capítulo intercalado de reuniões grandes e pequenas, ora por iniciativa de Jesus, ora por iniciativa dos discípulos, ora pela multidão, ora pelos religiosos. Parece que a reunião pequena com os religiosos do inicio do capítulo 15 é continuação de uma grande com a multidão do final do capítulo 14 (Marcos 6 e 7 confirmam isso também). Sendo assim, houve uma reunião pequena iniciada pelos fariseus e escribas (15:1-9) no contexto de uma grande (14: 35,36). Algo semelhante aconteceu no Sermão da Montanha. O foco dessa reunião pequena nos primeiros versículos do capítulo 15 era os religiosos, mas os discípulos puderam aprender um pouco mais sobre um assunto que Jesus já os havia ensinado. A igreja estava presente, mas era mais uma reunião de teologia entre os escribas e fariseus e Jesus.
Vv. 10, 11. Jesus interrompe a reunião pequena e volta-se para a multidão. Jesus era perito em fazer este tipo de coisa – sabia conduzir tanto uma reunião pequena quanto uma grande.
Vv. 12. Outra mudança de foco. Agora, os discípulos tomam a iniciativa de interrogar Jesus. Não percebera ele que os religiosos ficaram escandalizados? Qual o significado da parábola de um cego guiando outro?
Neste capítulo vimos duas reuniões acontecendo a caminho, durante uma viagem, realizada certamente a pé - quando ele foi para Tiro e Sidom (v. 21 - existiria ali alguma ovelha perdida da casa de Israel (v.24) que orava pela vinda do Messias e por isso Jesus fora lá visitá-lo? E ainda de quebra curou a mulher cananéia?); e quando ele saiu de lá, de volta a Galiléia (v.29). Lembre-se que ele tinha 70 discípulos e que raramente ele estava somente com os doze! Alguns como José e Matias o acompanharam o tempo todo, desde o batismo de João até sua ascensão (At 1:21, 22). Viajando a pé, entre uma cidade e outra, Jesus não perdia tempo. Estava o tempo em reunião com sua estranha igreja.
V. 30. Novamente, reunião grande para as multidões, deu-lhes bênçãos e pão.
Vv. 32-34. Reunião convocada por Jesus com os discípulos – outra reunião pequena, ou bem menor, embutida numa grande. Instruiu-os sobre como alimentar a multidão com pão multiplicado por Deus dividindo-a em grupos. Jesus era um homem miraculoso e organizado (vv. 35-38). Até o que sobrou foi recolhido.
Que homem acessível e flexível! No meio de uma reunião grande, ele parava e fazia outro tipo de reunião com outro foco. Sabia fazer muito bem a transição entre multidão e discípulos e religiosos, monte e sinagoga, barco e praia. Tinha reuniões marcadas e não-marcadas, ora tomava iniciativa, ora outros a tomavam.
Mas qual é o limite máximo de pessoas para que uma reunião seja considerada pequena?
Jesus não seguiu uma metodologia nem deixou regras sobre isso. E o assunto pode ser discutido sob várias perspectivas. Num lugar em que se encontram duas mil pessoas reunidas, consideramos a reunião grande. Mas se no mesmo lugar houver somente quinhentas, falamos que a reunião foi pequena. Num lugar que comporta vinte e todos comparecem, dizemos que a reunião foi grande, e se aparecem somente seis, que foi pequena.
O que caracteriza, de fato, uma reunião de igreja? Se houver mutualidade, como diz Watchman Nee, ou permeabilidade, como diz Paulo Manzini. É a reunião em que todos têm liberdade e espaço para dar sua contribuição, por mais simples que seja. A reunião pode ser pequena em número, mas se há predominância do líder ou de alguns, não é uma reunião saudável onde todo o corpo participa do fluir da comunhão do Espírito. Na reunião de igreja, os crentes girafa têm que aprender a comer com as ovelhinhas. Não é necessário que ocorra um nirvana para a reunião ser considerada boa. Cuidado! se o líder tem que agir muito para a reunião funcionar, vai acabar se tornando insubstituível e dificultando o levantamento de novos líderes para estabelecer novas casas dignas. Se necessário, deve haver silêncio para dar espaço para participação dos mais tímidos. Em qualquer tipo de reunião de igreja (de oração, ensino, partir do pão, repartir dos dons), é preferível que haja longos períodos de silêncio (desconcertantes muitas vezes, mas necessários para que se crie um vácuo que chama à responsabilidade outros que ainda não agiram) a muita atividade dos mesmos de sempre. As reuniões de igreja precisam ser simples e descomplicadas, a tal ponto que outros tenham facilidade de dirigi-las na ausência do líder. Mas se a reunião for grande para a multidão ou de ministério para crentes e/ou não-crentes, aí sim, devemos nos esmerar e dar o melhor de nós, só deve ir à frente quem já tiver seu dom mais exercitado.
Nós que buscamos restauração da igreja temos que aprender a realizar os dois tipos de reunião – pequena e grande. Corremos o perigo de ficar só com a pequena e com a mesma liturgia de uma grande no templo, na verdade, uma reunião de obra e não de igreja. Sobre esse assunto, Watchman Nee nos deixou um grande legado no livro ´A vida normal da igreja cristã´. (Ele afirma que é possível freqüentar cerca de 52 reuniões por ano sem nunca ter participado de uma reunião de igreja. Pense! – diria um bom baiano!) Reunião grande e reunião pequena – devemos aprender com Jesus a jogar nos dois times sem nos embaraçar! Infelizmente, a maioria dos irmãos que busca a restauração da igreja se embaraça (e muito!) com isso.
(A ESTRANHA IGREJA DE JESUS - Baixa Grande, 18 de setembro de 2009 – Elenir Eller Cordeiro)
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