segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O DESESPERO E AS LÁGRIMAS COMO CHAVES PARA CRESCER EM INTIMIDADE COM DEUS (PARTE 2)


É evidente que é arriscado pedir a Deus por uma dose de desespero, mas pense que você está perseguindo a melhor coisa do mundo: Jesus, nosso noivo, nosso amado. Mesmo que uma tempestade se deflagre em sua vida, coisas começam a mudar de uma forma muito rápida dentro de você e, de repente, os céus chegam mais perto da terra.

A atividade dos anjos (tantos bons quanto maus) ao seu redor torna-se intensa, mesmo que você não se dê conta. Você ganha a atenção do céu e do inferno. Problemas que estão cozinhando em fogo brando por muitos anos repentinamente chegam ao ponto de ebulição, gritando para serem solucionados. Você se vê cercado pela suspeita e pela vergonha. Deus o coloca em sua classe avançada e a velocidade da transformação e transição em sua vida é vertiginosa.

Mas mesmo em meio a tanta turbulência, você se sente sustentado e avivado pela palavra de Deus. Surge uma nova percepção da palavra. Os versículos saltam e se conectam e fazem sentido. Sua oração individual e coletiva entra num novo nível. Você não vê a hora de entrar no seu lugar secreto e prostrar-se em silêncio diante do mestre, ou (já adiantando o segundo segredo) apenas fazer orações líquidas e quentes por meio das lágrimas, que falam muito mais alto que palavras, ou ainda, apenas orar em línguas confiando que o Espírito sabe orar melhor que nós. A proximidade de Deus é percebida nitidamente e a revelação do amor dele cresce. Você está aprendendo a viver e crescer no amor ágape através de abraçar seu desespero diante de Deus. Você tem a experiência de ´uma coisa só` e mais nada. Você está com fome e sede de Deus. Em meio a busca desesperada por Deus, você se sente bem-aventurado. É tudo muito maluco e belo ao mesmo tempo.


                                    O desespero começa e termina no coração de Deus

Mas como experimentar esse desespero? Que fazer para provar dessa forme e sede por Deus? Sorge diz que só podemos falar a respeito de nossas experiências pessoais. Na verdade, não há nada que possamos fazer para provar desse desespero.

Precisei da intervenção divina. Eu precisava dele para me deixar desesperado. Eu o invoquei e ele me respondeu. Isso tudo começa e termina no coração de Deus, pois é quem efetua ´tanto o querer quanto o realizar, de acordo, com a boa vontade dele´ (Fp 2.13).

A oração `Senhor, torna-me desesperado por ti´ é, de fato, muito louca e arriscada, mas podemos confiar que ele sabe muito bem como nos tornar famintos.  E não precisamos temer as consequências dessa busca por mais intimidade, pois o ´perfeito amor expulsa o medo´.

O amor perfeito sabe que tudo que vier da mão de Deus é para nosso benefício, portanto, o amor perfeito não teme nada que Deus faça para gerar uma maior devoção e consagração de nossa parte. Deixe Deus aperfeiçoá-lo em seu amor de forma que você possa receber de braços abertos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

 Lembrei muito do que aprendi com Christopher Walker no CPPI 2012, em Sorocaba, sobre o amor hesed de Deus. Hesed é um amor de aliança, forte, duradouro, constante e imutável. Ele nos ama desesperadamente e nos convida a entrar na dança (pericorese) da trindade e também busca desesperadamente por nossa resposta. E quando estamos nesta busca desesperada por Deus, não há o que temer, pois ele só quer nos fazer o bem.

Quando entramos em um período de sofrimento, nossa primeira reação é clamar por alívio. Entretanto, Deus nem sempre traz alívio imediato, porque pretende que esse sofrimento produza desespero dentro de nós.

                                   Desespero produzido pela palavra

Concordo com o autor que diz que a dificuldade não é o único caminho para o desespero e que Deus tem muitas formas de responder às nossas orações. Na minha experiência, tenho experimentado períodos de desespero provocado tão-somente pela pregação da palavra. Em alguns momentos de minha vida, estive em ambientes em que a palavra atingiu um nível tão alto de unção e revelação que produziu em mim um tipo de quebrantamento e desespero que me constrangia. Após o término da pregação, sentia como que impelida pelo Espírito a não conversar com ninguém e a correr para um lugar secreto para passar um tempo digerindo a palavra, orando e clamando no Espírito. Era como se eu fosse uma panela de pressão e a palavra produzisse dentro de mim grande quantidade de pressão que só poderia ser liberada diante de Deus de forma solitária e em meio a muitas lágrimas. São momentos assim que deixam você marcado e viciado pela presença de Deus.

Apesar de nenhum de nós pedir dificuldades a Deus, não podemos negar o fato de que as dificuldades produzem desespero que, por sua vez, produz intensa intimidade... Ó sábio buscará a Deus com anseio desesperado. Este é o caminho para a vida.

Que Deus nos dê, progressiva e frequentemente, uma dose de desespero, seja por circunstâncias ou pela palavra, para que possamos adentrar mais e mais neste caminho estreito e sublime de intimidade.

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